quarta-feira, 4 de abril de 2007


1. Tu, onça tu. O cheiro de alfazema vai tomando conta de toda a casa. Não há mais descanso: Caê, pariu! Gravado com três jovens músicos, Pedro Sá, Ricardo Dias Gomes e Marcelo Callado, é um álbum de pop-rock, mas não é só isso: tem também um quê, um não sei lá, sei como (a veia que cria, o verbo que se faz, cornucópia, mucosas) que é puro Caetano! Entendeu? Nem é preciso, meu bem. Ponha a brasa pra rodar! Na quinta avenida, digo audição, os seus ouvidos acostumar-se-ão com o som do novo disco de Caetano. E você vai amá-lo como das outras vezes. E é capaz de se perguntar por que não aconteceu antes desta noite que não se mostra.
2. Eu, jacaré eu. Caetano demonstra o fôlego dos garotos: são 12 músicas novas. A direção é de Pedro Sá e Moreno Veloso (este é filho biológico, o outro é “filho” na acepção familiar, alguém que está muito – muito! – perto). Pedro (guitarra), Ricardo (baixo e piano rhodes) e Marcelo (bateria), além de Caetano no violão, tocam todas as músicas do disco. Caetano pensa em levar esta mesma formação para o palco. O som é ótimo e Caetano continua exercitando a sua capacidade de nos hipnotizar com o seu canto poético-sexual-intimista-psicodélico. E de festa! No sentido de não ser algo triste, melancólico.
3. Ai de ti. Caetano ensina: “Não se trata, porém, de um disco de rock como os que ouço e me interessam: as músicas são minhas, minha voz continua a mesma, meus cabelos estão mais brancos do que pretos, menos cacheados e sempre mais curtos do que quando os tinha longuíssimos - ou mais longos do que quando decidi usá-los curtos”. Você entende! Curta O Herói. É Caetano repetindo velhas perfeitas performances. Crash.
4. Essa é pra tocar no rádio. “Todo o mundo gosta de fazer sucesso. E a mim me traz felicidade poder fazer o que agrada a muita gente, ver que muitas pessoas me ficam gratas e gostando de mim”, alerta Caetano.
5. Você. Nós Dois. “Não me arrependo” é canção para se gostar logo de início. Vai estar na sua, na minha, na nossa rádio. Uma ode a Paulinha Lavigne? Pois, pois, meu bem! O eu-lírico é livre e finge tanto quanto é possível... até esquecer que finge. E vive. Por acaso, é autobiográfica, sim! Mas de qual passado?

6. Lindo mais do que eu.não, nada irá nesse mundo/ apagar o desenho que temos aqui/ nem o maior dos seus erros/ meus erros, remorsos, o farão sumir”.
7. Roça, Camões, roça! Três versos: “Estou-me a vir/ e tu como é que te tens por dentro?/ por que não te vens também?”. Na tua ou na minha?
8. Caetano & Chico. Caetano não estará sozinho: Chico Buarque também está a acontecer com o seu disco Carioca, lançado desde maio, após um tempo de oito anos, período em que se dedicou à carreira literária. A propósito: desde 1993, quando Caetano lançou Tropicália 2, ao lado de Gilberto Gil, e Chico Buarque Paratodos, que não se via os dois, lado a lado nas prateleiras, com discos recheados de canções inéditas.

9. Qual Caetano? Nos anos 70, a chegada do “disco do Chico” e do “disco do Caetano” provocava frenesi entre os fãs. Eles representavam as principais vertentes da Música Popular Brasileira. Eu só sinto inveja dos orgasmos múltiplos.

10. Uroboro.Eu sigo aqui e sempre em frente, deixando minha errática marca de serpente”. Vai encarar? “Meu coração não se cansa de ter esperança/ de um dia ser tudo que quer”.

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